sábado, 15 de agosto de 2009

Dia dos pais.

Sim, ele o amava. Por tudo já vivido, por tudo que ele o proporcionara na vida, por fazer dele o homem que é hoje.
E foi por este amor que assumiu esta paternidade, que se inteirou da situação, que encheu os armários, pagou as contas e planejou o almoço. Aproveitou a oportunidade e relembrou fatos passados, tempos felizes. Teve um encontro com pessoal com sua história, com o pouco que sabia daquele que amava nos últimos 24 anos e com quem partilhou tristes perdas e comemorou grandes alegrias ou apenas riu de futilidades nas tardes de domingo.
Não sobrava dúvidas que o amor estava ali, ignorado, ofuscado por grandes nuvens negras de ressentimento, dor, rejeição, perda...
Mas havia o sentimento.
Num primeiro momento não foi o que havia no coração que o levou a ter este encontro forçado com o passado feliz e o presente incerto. A obrigatoriedade das datas familiares que foi o verdadeiro motivo que o levou a empreender a viagem.
No entanto, alimentou a ilusão de que seria feliz naquele dia, e viajou...
Foi em direção ao passado e sentiu o peso de de assumir responsabilidades.
Encheu os armários, pagou as contas, planejou o almoço e esperou, mais uma vez esperou pelo seu amor, sua presença...
E assim ficou todo o tempo da curta viagem: à espera.
Pai de filhos que não existem, chefe de um lar igual. Neste papel esperou pelo pai que não apareceu no dia que era deles.